terça-feira, 13 de janeiro de 2009

entrevista exclusiva à primeira edição de ELECTRO M.A.G.

Entrevista.. ebaa..
Soube dela lá no forum feito pela Hanner e pela Dany. (http://familialima.forumais.com/forum.htm).
Espero que gostem !

CROSSOVER: HOUSE SOFISTICADO PARA QUALQUER LUGAR



Da idéia de criar algo mais rico e mais atraente aos olhos (não apenas aos ouvidos) surgiu o projeto Crossover, formado pelo DJ e produtor Julio Torres e pelo violinista Amon Lima, conhecido por sua trajetória junto à Família Lima. "Eu não queria mais continuar apenas tocando, queria produzir mais", conta Julio Torres, que, ao lado de Amon, concedeu entrevista exclusiva à primeira edição de ELECTRO M.A.G., que você pode ler aqui no site na íntegra!

ELECTRO M.A.G.: Como surgiu o Crossover?
Julio Torres: A gente queria fazer um negócio sério, com conceito, sem aquela coisa de simplesmente tocar para o público. Queríamos fazer um lance com produção mesmo, algo direcionado para Live PA. Começamos amadurecer a idéia a partir daí... E aí surgiu a primeira festa no Soul Syster. Pessoas como a Patrícia Corrêa e o Papel (da Pacha) deram uma boa força no início. Foi nossa primeira gig.[/itálico]

ELECTRO: E isso já faz quanto tempo?
Amon Lima: Três anos e meio.

ELECTRO: Como foi essa 1ª gig?
Julio: Foi muito bacana pelo seguinte motivo: foi num club do Itaim com um público underground, porque era aniversário da Patrícia Corrêa e ela direcionou a divulgação para o público dela. O line-up ainda tinha André Juliani, Mau Mau e Erick Caramelo.

ELECTRO: Como vocês definem o som de vocês?
Julio: House com melodia. Um som mais sofisticado, não tão abstrato. O estilo é uma coisa da qual você começa a ter uma noção maior quando já está no estúdio, aí sim você começa a dar uma cara pro som. Tocar é uma coisa muito mais simples. E o disco ficou mais house, com muito piano, violino e tal... E eu acho que é um som mais sofisticado, que não é tão abstrato. No segundo disco a gente vai começar a experimentar mais coisas.

ELECTRO: Depois do lançamento de Humanized, já há previsão de lançamento para o segundo trabalho?
Amon: A meta é entre o início do verão e o primeiro semestre de 2009. As idéias já estão na cabeça, vamos começar a trabalhar nele agora. Basta ir ao estúdio e começar.

ELECTRO: E como foi o encontro de vocês? Amon, você está morando em São Paulo, conte-nos um pouco sobre você?
Amon: Mudei pra São Paulo com 25 anos, à procura de alguma faculdade de música, enfim, precisava de alguma coisa pra expandir minha musicalidade. Fui atrás de músicos de jazz underground. Sempre gostei disso, queria tocar. E o legal de estar em São Paulo é que tem muita informação musical, principalmente dessa galera do jazz, bem underground mesmo. Meu forte é violino e um pouco de piano. Gosto de tirar sons diferentes do violino, tanto na Família Lima quanto no Crossover - que dá uma liberdade ainda maior para isso, é aonde posso tirar no violino sons parecidos com sax, guitarras, ruídos de vozes alienígenas, enfim, a idéia, dentro do Crossover, é acrescentar com melodias e linhas sonoras abstratas.
Julio: Tocamos recentemente no Club Fiction (GO), um club mais conceitual, como o D-Edge. Nosso set foi mais 'concept' e menos melodia.
Amon: Hoje a Quanta nos fornece equipamentos da M-Audio, o que dá margem para mais inovação. Eu costumo usar também controles do Nintendo Wii. Com ele consigo reproduzir vocais, barulhos, filtros e tem um apelo visual que agrega muito na apresentação.

ELECTRO: Ficamos sabendo que vocês terão participação do Junior (ex-Sandy e Junior) em alguns shows...
Amon: Ele gostou muito do projeto, mas não tem muito tempo. Mas ele está realmente a fim de participar. Começamos os ensaios, ele vai tocar basicamente bateria eletrônica, que é a praia dele, em cinco apresentações, que provavelmente acontecerão em outubro. As gigs devem rolar em alguns clubs e eventos especiais. Claro que será um negócio muito bem feito, nos preocupamos demais com isso. Inclusive, foi com o Julio que eu aprendi muita coisa, essa linguagem eletrônica. Cheguei, inclusive, a fazer um curso de DJs e até alguns sets com o case do Julio...

ELECTRO: Além do tracklist do álbum vocês já têm muito mais faixas prontas? Como é construído o show do Crossover hoje em dia?
Julio: Não usamos apenas faixas do álbum. Mesclamos faixas próprias com algumas de outros artistas. É basicamente um set com o acompanhamento do Amon, seja tocando violino ou fazendo incursões com os controles do Nintendo Wii. O Amon gosta do improviso, trouxe isso do jazz.
Amon: No começo o live era fechado, ensaiado, com hora de início e término. Percebemos que estávamos perdendo o feeling de pista, que eu considero uma das grandes características do Julio enquanto DJ. Então preferimos deixar o improviso tomar conta do show.

ELECTRO: Qual é a média de apresentações do Crossover hoje em dia?
Julio: Estamos com uma média de seis datas por mês. Parece não ser muito, mas somando as minhas datas como DJ e as datas do Amon pela Família Lima, chegamos a fazer cerca de 12 apresentações por mês, no total. Temos ido às principais capitais do Brasil.

ELECTRO: E quais lugares têm tido uma recepção mais especial para com o som de vocês?
Julio: Joinville foi sensacional nas duas vezes e que tocamos lá, sobretudo no Festival de Dança. Goiânia também foi ótimo. Curitiba, na Eon. Na Anzu, de Itu, também foi excelente! Na Museum e na Pacha, ambas em São Paulo, idem.

ELECTRO: E vocês pretendem intensificar a agenda para 2009?
Amon: Com certeza vamos intensificar.

ELECTRO: Amon, e falando em agenda, como está a da Família Lima hoje em dia?
Amon: Ah, bombando também. Acontece muito de a gente não ter disponibilidade para o Crossover por conta da Família Lima. Mas normalmente dá para fazer duas datas na mesma noite, já que as apresentações da Família Lima costumam rolar antes de meia-noite.

ELECTRO: E fazendo uma comparação logística com as bandas populares, é muito mais simples contratar um projeto como o de vocês?
Amon: Extremamente simples. Não despacho bagagem, levo uma mochila e uma mala, monto o equipamento em 10 minutos, na hora, não tem erro. Por isso queremos levar esse show para muita gente. Pra quem está acostumado a fazer evento com banda, a simplicidade nem se compara. Não tem road manager, não tem rider técnico, nada... Somos apenas dois. E a nossa sonoridade fica com uma qualidade muito rica.

ELECTRO: Quantas pessoas, normalmente, são envolvidas na produção do show da Família Lima?
Amon: 16, sendo seis no palco e 10 nos bastidores. Qualquer dupla sertaneja bem sucedida tem de 40 a 50 pessoas, ou seja, 16 já é um número enxuto. Inclusive, isso foi uma coisa importante que aprendi na Família Lima: otimizar, trabalhando com pouco.

ELECTRO: E vocês costumam tocar em ocasiões especiais, como casamentos ou coisas do gênero?
Amon: Sim, tocamos em muitos eventos corporativos, em que é difícil imaginar um DJ tocando. Há quatro anos eu faço as aberturas da Fórmula Truck. Inclusive, fizemos um show para o pessoal que ficou acampado lá, gente popular, estão acostumados com sertanejo. Começamos tocar e eles ficaram loucos, dançaram muito!
Julio: Tocamos também no casamento da filha do governador do Ceará, em Fortaleza, com o Ciro Gomes se esbaldando na pista, com as mãos pro alto. Foi surreal ver aquilo. No final do casamento, a noiva me pediu para tocar o 'meu som' (o que toco no D-Edge). Foi uma das horas que mais a coisa rolou...

ELECTRO: Julio, você que já toca há muito tempo e que vivenciou toda essa evolução da figura do DJ, de um mero coadjuvante a um artista, de fato. Como você avalia essa mudança do status do DJ ao longo dos anos?
Julio: O mercado era menor. Havia pouca divulgação, o que tornava a coisa restrita, até que as pessoas começaram a perceber que aquela música servia para outros tipos de eventos. Foi quando a música eletrônica saiu da periferia e foi para os Jardins, para os clubs mais badalados. Continuou a ser underground, mas passou a abranger mais público. A mídia especializada surgiu e a coisa foi sendo disseminada. Acho até que a coisa ficou muito popular e acabou atrapalhando um pouco.

ELECTRO: Atrapalhando em que sentido?
Julio: Surgiu uma figura muito maléfica pra cena, o DJ sem informação. Sabe tocar, mas não tem informação nenhuma. E o trabalho do DJ, desde que aprendi, é justamente transmitir informação, mostrar novidades! Hoje em dia, em muitos casos, o cara baixa música da internet, vai lá e toca. Hoje o cenário eletrônico de São Paulo só não está maior por conta desses DJs. A cidade é muito grande e hoje dá pra contar nos dedos os clubs bem conceituados por aqui. O D-Edge é um dos que mais fortalece, senão o que mais. O Pacha faz eventos mais comerciais (o que é necessário, pelo seu tamanho) mas também fortalece. O próprio Museum e a Disco (às quartas). Hoje em São Paulo tem muito mais festas itinerantes bacanas, com DJs renomados, do que em clubs... Enfim, a cidade é muito grande para a quantidade extremamente pequena de clubs que acrescentam musicalmente às pessoas, onde o DJ é formador de opinião. O cenário foi construído dentro desta proposta de apresentar música nova. Se você não toca música nova, as pessoas não imploram pra você tocar - elas até tendem a preferir o mais fácil. A Toco, por exemplo, era um club mega, que eu freqüentava em 91, 92. Lá eles mesclavam entre comercial e o underground, ouvia o Marky tocando house. Mas na pistinha lá de cima a coisa pegava de verdade, e o próprio Marky teve um papel importantíssimo ali.
Amon: No jazz também noto que existe esta separação. Há muita gente boa, mas também muita gente medíocre. Eu tive sorte de ter sido apresentado ao Julio Torres, que é um DJ sério. Através dele fiz curso de DJ, aprendi sobre esta cultura.

ELECTRO: Esta questão cultural é muito importante. Falem-nos mais sobre isso...
Julio: Ontem eu dei uma palestra no Senac da Lapa, a convite do Jason Bralli, e foi sensacional. Lotada! Eles querem fazer um trabalho sério. Das 50 pessoas presentes, aproximadamente, umas 35 não eram DJs e não tinham a menor idéia de como a coisa funcionava. E dos que já eram, muitos ficaram impressionados ao entender como o funciona uma carreira. Quando entramos no assunto warm-up, por exemplo, ninguém sabia do que se tratava. Não adianta o DJ tocar bem no horário errado. Precisa ter um senso de horário quando se está tocando. Olha como a questão da informação é importante. Acho muito bacana essa história pedagógica também. Sinto que isso falta nos cursos de hoje e vejo que o Senac está atento a isso.

ELECTRO: É bacana uma instituição séria fazer isso, porque ajuda a disseminar a cultura...
Amon: E mesmo com todas essas falhas, acho que a cena eletrônica é uma das poucas que hoje está preocupada em evoluir, que têm muita gente entrando e tentando agregar, enfim, é um momento muito rico, de evolução, que quase não vejo acontecer com outros gêneros. Muitas pessoas não têm noção do tamanho desse segmento.

ELECTRO: Amon, você que sempre trabalhou como instrumentista, que toca desde os três anos, como você via a música eletrônica há 10 anos atrás?
Amon: Há uns 15 anos eu já ouvia house. Em minha adolescência, até cheguei a produzir algumas coisas, quando ganhei um teclado do meu pai. Ouvia muito C&C Music Factory, Art Of Noise, Kraftwerk... Eu ia às festas, mas não tinha noção exata da questão cultural. Antes de conhecer o Júlio, conheci o Paulo Campos, que faz trabalhos de percussão com música eletrônica, mais focado em casamentos, ele me chamava para se apresentar com ele e eu acabei gostando e achei interessante procurar um DJ bacana e evoluir essa idéia. Mas eu sempre gostei de brincar com sampler, essas coisas. Parece que foi uma coisa que ficou adormecida em mim e que resolveu acordar agora.

ELECTRO: Que músicas do álbum mais se destacaram até agora?
Amon: Scandal, com o vocal da Sandy, fez muito sucesso, inevitavelmente. Quando saiu a noticia, derrubou o servidor do Uol, todo mundo ouviu. Recentemente também foi pra rádio, está tocando na Transamérica. Mas na internet foi explosivo.
Julio: Space Invaderz foi uma das mais vendidas do Beatport, provavelmente por causa do piano. Number One também foi muito bem, acredito que pelo violino, é muito melódica. Outra que estourou foi One God, cujos arranjos fizemos com uma orquestra sinfônica, de 50 músicos, montada para um projeto da LG. O maestro foi o Julio Medalha. Fizemos esta apresentação no Rio de Janeiro, na Lagoa Rodrigo de Freitas, e em São Paulo, no Parque Villa-Lobos. Foi realmente muito legal!

ELECTRO: Vocês pretendem fazer mais músicas com a Sandy?
Amon: Não está nos planos, mas pode rolar alguma coisa, de forma espontânea, como aconteceu na faixa Scandal. Estávamos no estúdio com o Rogério Flausino e ela estava com a gente. Na hora ela teve a idéia, escreveu e já começamos a gravar. Tanto a Sandy quanto o Junior sabem muito de música.

ELECTRO: As participações de amigos são uma tendência para o segundo disco?
Amon: Depende, estamos abertos e ainda estudando as próximas faixas com participações especiais.

ELECTRO: E como está sendo a aceitação dos DJs gringos para com o trabalho de vocês?
Julio: Quem já começou tocar Scandal foi o Hernan Cattaneo e o Steve Lawler. Inclusive, ia sair pelo selo dele (o Harlem), mas ele fechou e abriu outro mais focado em minimal. E para este novo selo a faixa não se encaixava muito. Agora vai começar a sair versões extended, diferente do álbum, que só teve faixas em versão edit, o que impossibilitava os DJs de tocarem. Mas a gente se surpreendeu com a quantidade de downloads no Beatport.

ELECTRO: E como os DJs estavam trabalhando a faixa enquanto isso?
Julio: Eu tenho a versão extended de algumas faixas, só que elas não estavam sendo lançadas, só passei para os tops, como Nic Fanciulli, Steve Lawler, Hernan Cattaneo (que tocou muito One God). Agora vamos lançar as versões extended...
Amon: Um negócio bacana é o que vamos fazer com a Humanized. Um concurso de remix, que vamos lançar na Expo Music (24 a 28 de setembro). Vamos disponibilizar a faixa aberta e eleger o resultado apenas em 2009. O vencedor ganhará um estúdio (com monitor, controlador, placa de áudio, programas). Todas essas informações estão no site da Quanta e do Crossover.

ELECTRO: Já há algo rolando em termos de turnê internacional?
Amon: Já rolou vários namoros. A gente até ia para a Love Parade [Berlim - ALE], mas acabou não dando certo. A questão da agenda da Família Lima também dificulta. Teríamos gigs no Chile em dezembro, mas é um mês em que a agenda da Família Lima está cheia, então acabou não rolando...
Julio: Hoje em dia eu só aceito viajar para turnê internacional se for algo que realmente valha a pena, como em todas as vezes que eu fui - em club bacana e com uma logística legal. A idéia de ir numa quinta e voltar domingo, por exemplo, me incomoda muito. Você mal se adapta ao fuso horário e já precisa entrar pra tocar. Gosto da idéia da turnê planejada, é muito menos desgastante e permite que você aproveite mais a experiência internacional.

Por Guigo Monfrinato e Daniel Eduardo Gomes

MAIS:
www.rmx.art.br
http://www.crossoverlive.com.br/



Fonte: http://www.portalelectromag.com.br/magazine/capa.php?view=2

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